terça-feira, 5 de maio de 2020

O Caminho da Porcelana - Edmund de Waal

Uma vez fui a um museu e fiquei impressionado com uma determinada peça de porcelana. Não aquele "impressionado" que você encara por alguns segundos e segue vendo a exposição, mas impressionado de verdade, de perder minutos admirando e eventualmente ir perturbar algum curador na administração para descobrir detalhes da peça (essa aqui). No meio do livro, o autor revela que é um dos curadores do tal museu, e conseguiu minha atenção.
Porcelana não é exatamente um assunto que traga grande entusiasmo e provoque questionamentos, mas o livro faz um excelente trabalho em conduzir seu desenvolvimento ligado diretamente à questões digamos... mais atraentes. A porcelana chinesa confronta as diferenças entre oriente e ocidente no que tange à originalidade e função da arte. Os alemães aparecem duas vezes, primeiro com o início da alquimia e consequentemente da química moderna e depois com o horror do nazismo e seus trabalhos forçados em campos de concentração. A Inglaterra, como não poderia deixar de ser, com a revolução industrial e o imperialismo. Os Estados Unidos, com o aprimoramento do sistema capitalista. Tudo isso caminhando junto com a porcelana, e o leitor que persevera até o final certamente ganha uma bagagem cultural dificilmente encontrada de outra forma.
O ponto do fraco do livro: é arrastado e o autor, que se diz primordialmente um ceramista, não tem uma escrita cativante, sendo por muitas vezes confuso. A obra é escrita de forma bem heterodoxa, passando a narração da primeira para a terceira pessoa sem aviso prévio e, arrisco dizer, a tradução tem sua culpa nessa esquisitice. Diversas referências eu percebi que não captei, outras eu captei mas achei desnecessárias e até utilizadas para impressionar, mas essa impressão pode ser reflexo da minha incultura perto do autor. Mas, em geral,  bom livro para quem gosta de curiosidades e expandir seus conhecimentos em assuntos aleatórios.

Nota: 3/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Obra de Arte na Época da Reprodutibilidade Técnica - Walter Benjamin

De tempos em tempos as mudanças de paradigmas exigem dos pensadores uma ressignificação dos conceitos. Talvez o maior alvo desse fenômeno ...