terça-feira, 14 de abril de 2020

Final do Jogo - Julio Cortázar

Um livro de contos com um tempero a mais: É dividido em três partes, que aumentam gradativamente a dificuldade de compreender e aceitar o que o autor propõe. Incrivelmente essa mecânica funciona muito bem, despertando a curiosidade do leitor e reações próximas a "pode ficar mais maluco que isso"? Sim, sempre pode.
A regra geral é o tema da morte. Os primeiros textos são mais cômicos, porém  revelam a genialidade do autor na arte da escrita, que consegue tanto desenrolar em apenas 3 páginas um suspense quanto enrolar em 10 o simples ato de tentar colocar um casaco. Já na segunda parte somos apresentados a um lado mais misterioso, intrincado e sobrenatural, que leva o leitor a passar por concertos, navios e lutas de boxe. Ao final, estão os contos que mesclam todas essas facetas e ainda adicionam uma grande dose de incredulidade, quase sempre com um final inesperado e com um teor altamente reflexivo que tende a atrapalhar a leitura do início do conto seguinte. O conto final, que não a toa dá o título ao livro, é uma obra prima que surpreende pela forma e inventividade. 
Diria que dos 18 contos, apenas 3 não me agradaram e 5 estão entre os melhores que já li, então é um livro e autor que recomendo altamente.

Nota: 4/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Obra de Arte na Época da Reprodutibilidade Técnica - Walter Benjamin

De tempos em tempos as mudanças de paradigmas exigem dos pensadores uma ressignificação dos conceitos. Talvez o maior alvo desse fenômeno ...