domingo, 22 de março de 2020

Minha Irmã, a Serial Killer - Oyinkan Braithwaite

Será que a proximidade, afinal, favorece o julgamento do caráter? O que é preciso para que possamos julgar com adequado senso de realidade as ações das pessoas que mais amamos? Quantos de nós seriamos capaz de abrir mão da lealdade familiar para assumirmos que nossos pais e irmãos são pessoas ruins? O que seria necessário para tanto?


Minha irmã, a serial killer narra a história de Korede que, embora extremamente realista, não consegue enxergar que a sua irmã é uma serial killer que precisa ser urgentemente contida.

Ela conhece as estatísticas, sabe que, a julgar pela quantidade de corpos, Ayoola pode ser oficialmente categorizada como uma serial killer, mas.. e se as desculpas usadas pela assassina forem de fato verdadeiras? E se ela for a real vítima da história?

Korede é a pessoa que mais conhece a irmã; Korede é a pessoa que mais se deixa enganar pela irmã. Como isso é possível?

Ayoola é uma mulher jovem, linda, sedutora e aparentemente indefesa, ao mesmo tempo em que ultrapassa as barreiras da vida privada da sua irmã mais velha, a sufoca e corrompe com a finalidade de satisfazer os seus prazeres pessoais e impulsos egoístas. Mas para Korede essas informações não aparecem com a claridade que é evidente ao leitor. Ela é a irmã mais velha que, como tal, ama e tem o dever de cuidado. Esses dois elementos que estamos, como leitores, desprovidos, fazem com que aquilo que é extremamente nebuloso para a protagonista se torne evidente no decorrer da leitura.

Essa contraposição entre distanciamento do leitor e proximidade da protagonista faz com que o livro sirva de base para uma autoavaliação das nossas relações com familiares e amigos próximos. Será que somos tão diferentes assim da Korede?

Este é um livro que narra com leveza e comicidade a perspectiva de familiares e de pessoas próximas a assassinos em série. Voltado para o seguimento de jovens adultos, Minha irmã, a serial killer pode ser lido em uma sentada; a leitura é divertida e dificilmente incomodará públicos mais sensíveis.

Essa é uma leitura que, com escrita simples e agradável, amadurece com o decorrer do tempo. Além disso, representa uma ótima opção para carregar na bolsa quando for possível (e seguro) andar de transporte público novamente.

Livro muitíssimo recomendado!

Editora: kapulana
Páginas: 184
Nota: 5/5

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