Agarrei o computador para escrever
esta resenha assim que fechei a última página do thriller
psicológico de Alex Michaelides. No presente momento, os pedaços da
história ainda estão se reacomodando e se acostumando às
informações novas do seu final surpreendente.
A Paciente Silenciosa narra o
tratamento de Alicia Berenson pelo psicoterapeuta Theo Faber. Alicia
foi uma talentosa artista que, inesperadamente, deu 5 tiros no rosto
do seu marido Gabriel. No momento do julgamento, as motivações do
crime estavam obscuras. Sabe-se que ela sempre demonstrou profundo
amor e carinho pelo esposo e que foi encontrada, logo após o
assassinato, ao lado do corpo mutilado do marido, perto da arma do
crime e com o pulso cortado, em uma tentativa fracassada de tirar a
própria vida. Após o crime, Alicia nunca mais falou; muda, não
pôde se defender e foi internada em um manicômio judicial na
Inglaterra.
Seis anos após o ocorrido, o
psicoterapeuta Theo Faber demonstra interesse profissional no caso.
Ultrapassando os limites impostos pelo distanciamento entre paciente
e terapeuta, Faber arquiteta um plano para ser contratado pelo
hospital em que Alicia está internada. O livro demonstra a
flexibilização da ética profissional de Faber que enquanto
terapeuta busca solucionar o caso ao mesmo tempo em que lida com a
carga emocional de sua infância abusiva. Os tratamentos de Alicia se
confundem com os de Theo quando este constrói uma relação em que
se torna difícil distinguir o terapeuta da paciente.
Michaelides desenha uma história que
conta abusos sofridos por pessoas com transtornos mentais e a
dificuldade de um tratamento humano em manicômios judiciais. Alicia
parou de falar muito depois de terem parado de ouvi-la. Acompanhar
Alicia significa nos aproximar das histórias de abusos em hospitais
psiquiátricos, de silenciamento dos pacientes e de negligência por
parte daqueles que preferem dopar e esquecer a acolher e ouvir.
O livro é incômodo e nos relembra
daqueles que, mais por imposição do que por escolha, não podem
contar a própria história.
Editora: Record
Páginas:350
Palavra-chave:
ficção cipriota
Nota: 4/5
Fiquei com vontade de ler este!
ResponderExcluir