Uma criança vai passar alguns dias com seu tio em Paris, com a única vontade de conhecer o metrô. Acontece que o metrô está em greve e a história se desenrola em eventos improváveis e curiosos. Esse seria um resumo honesto do enredo, porém o enredo é a parte mais insignificante do livro.
Estava querendo ler algo de Raymond Queneau há algum tempo, desde que tive ciência da Oulipo, uma corrente literária que me pareceu interessante. Zazie é uma obra de 1959, enquanto a Oulipo foi apenas fundada em 1960, ou seja, meio que não valeu. Espero me aprofundar e escrever mais sobre o assunto quando resenhar alguma obra ligada diretamente à corrente, provavelmente algo de Georges Perec em breve. Mas valeu um pouquinho, pois Queneau já demonstrava aqui sua vontade de inovar com a escrita em diversos níveis, passando pela ortografia, neologismos e inúmeras metalinguagens. Embora ainda livre de suas famosas contraintes, elas estão ali, só esperando serem vistas.
Zazie, uma menina boca-suja e endiabrada, seu tio vigia noturno e drag-queen, o policial que é preso, o papagaio Laverdure , são todos personagens tão impossíveis na mesma medida que são desejáveis. Um livro leve e divertido, como diria Zazie, bom pra caralho.
Um adendo não muito comum nas minhas resenhas: A edição que li, da Cosac Naify, é talvez o livro mais bem trabalhado que tive em mãos. O trabalho estético, único em literalmente cada página dupla, é de bater palmas. Recomendo fortemente a escolha para tal edição.
Nota: 4/5
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