domingo, 19 de abril de 2020

A Viúva - Fiona Barton

A Viúva me lembrou a história da pequena Madeleine MacClann, desaparecida na Inglaterra há mais de uma década, pelas características físicas da criança, mas, sobretudo, pelo engajamento da mídia no caso. 

Bella Elliot tinha dois anos e brincava, sem supervisão, com o seu gato de estimação  quando desapareceu do quintal de casa. A jovem mãe solteira Dawn Elliot entrou imediatamente em contato com a polícia e o detetive Bob Sparkes se responsabilizou pelo caso. Engajado em descobrir o que aconteceu com a criança, o policial mobilizou a equipe e os seus contatos com a imprensa para encontrá-la. A jornalista Kate Waters desempenhou um papel importante na investigação.


A história começa com a informação de que o principal suspeito pelo desaparecimento da criança morreu vítima de um acidente. Glen conseguiu se safar de um julgamento embora comprovadamente tenha consumido pornografia envolvendo menores na internet - um pedófilo. Anos de investigação não conseguiram colocar o cara atrás das grades e agora ele estava morto. A única pessoa capaz de contar o que realmente ocorreu com a pequena Bella era a sua viúva, Jean. Conforme a história se desenrola, nos questionamos sobre o quanto a esposa realmente conhece o seu marido.

A Viúva é um livro de investigação policial conduzido a partir de três narradores: e viúva e a jornalista Kate, em primeira pessoa; e um narrador onisciente que conta a descrição do inquérito e claramente enfoca no detetive Sparkes.

Este é um livro sobre controle. Jean se apaixonou por Glen no liminar entre o final da adolescência e o início da vida adulta. Sedutor, o rapaz conseguiu convencer a família a aceitar o casamento e a menina, sem chance de desenvolver a sua autonomia, viveu à sombra do marido até o final da sua vida, 20 anos depois. A mulher era encantada e se deixava conduzir por um homem que decidia cada aspecto da sua rotina: o que comprar, como arrumar a casa, como se vestir e maquiar. Glen se construiu como o marido perfeito e zeloso. E Jean acreditou nisso até as investigações colocarem a sua pequena família no centro do caso.

Sufocamo-nos com Jean. Vemos uma mulher dominada que é invadida pelo marido, pela polícia, pelos jornalistas e pela população enfurecida. Uma mulher que não sabe a quem recorrer, não tem mais amigos, está sozinha. Adentramos no seu pesadelo sem fim enquanto, curiosos, tentamos desvendar o mistério: onde está Bella Elliot?

Nota: 4/5
Páginas: 304
Editora: Intrínseca

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