sexta-feira, 3 de abril de 2020

A Filha do Rei do Pântano - Karen Dionne

Helena é filha de um sequestrador com uma adolescente em cativeiro. Embora Helena tivesse vivido 12 anos com seus pais no pântano e fosse objetivamente proibida de sair, ela não compartilhava o mesmo cativeiro da sua progenitora. Foi singularmente feliz na sua infância na natureza, no universo criado sob os moldes do seu pai.


Com um surpreendente domínio da escrita, Karen Dionne nos leva a duas direções. Os capítulos sem título narram o movimento presente da história em direção ao futuro da personagem: uma mulher, casada e com dois filhos que descobre que o seu pai e sequestrador fugiu da prisão de segurança máxima e se engaja em uma jornada para detê-lo. Nos capítulos denominados "A Cabana", Helena relembra a sua história no pântano e nos oferece os elementos da sua infância que permitem compreender os aspectos mais contraditórios das seus sentimentos em relações aos seus pais: amor pelo pai e distanciamento emocional pela mãe.
Acredito que o título A Filha do Rei do Pântano deve-se ao nome que Helena ganhou nos tabloides, mas, sobretudo, a falta de autonomia na construção da própria identidade que a personagem foi submetida pelo seu pai narcisista, violento e controlador.

"Mas eu não vou lhe dizer o nome da minha mãe. Porque essa não é a história dela. É a minha
(p.11)."

A Filha do Rei do Pântano é aquele livro que você não quer largar, mas também não quer que acabe. Dionne solta os elementos da história na medida certa para você se fazer as perguntas certas no momento certo. Recomendo.

Editora: Verus
Páginas: 264
Palavras-chave: suspense; thriller; ficção americana
Nota: 4,5/5

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